segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Cemitério ou atração turística?

Pode parece um pouco lúgubre visitar um cemitério nas suas férias, mas o certo é que o Cemitério Municipal Sara Braun, de Punta Arenas, é uma atracão turística, de fato, uma das mais visitadas da cidade por miles de turistas de toda parte do mundo, em um tur organizado ou individualmente.
No sitio de viagens mais grande do mundo, tripadvisor, aparece uma votacao de 119 pessoas que visitaram o cemitério e os resultados foram: 42% acharam excelente, 39% muito bom, 10% normal. E foi apontado como a 2a melhor atracao turística da cidade.

tripadvisor.com.ar/Attraction_Review-g297401-d187




Há duas razoes para semelhante fenômeno: beleza e história.

O cemitério está localizado na avenida central de Punta Arenas, Avenida Bulnes. Ostenta um pórtico de material sólido e circundado por um muro do mesmo material, o interior surpreende o visitante com uma praça central e longas avenidas de ciprestes canadenses, magníficos mausoléus construídos nas primeiras décadas do século XX, ricamente ornados em bronze, mármore e ferro, monumentos e homenagens póstumas que traz a tona interessantes histórias. Todo este conjunto forma uma estranha beleza que há alcançado reconhecimento internacional.






O cemitério foi inaugurado 18 de Abril de 1894 para substituir o pequeno cemitério da colonia. A porta monumental e o muro foram construídos entre 1919-1923, obra do engenheiro Fortunato Circutti e os elementos decorativos pelo artista Pascual Borich, e financiados por Sara Braun e seu pai Elias Braun.
Uma das histórias que se conta é que a Sra Sara Braun colocou uma condicao ao fazer tal doacao: depois que o seu féretro passasse através da porta central esta deveria ser fechada definitivamente, apesar de que esta estória nunca há sido confirmada pelas autoridades municipais a porta central permanece fechada até os dias de hoje, o público deve entrar ao recinto por portas laterais. (ver blog: "De colonia a cidade.")


As avenidas de ciprestes são o que mais impressionam os visitantes. São 660 ciprestes podados em forma de dedos, alguns já alcançaram os 12 metros de altura. A poda destes pinheiros é uma tarefa que se realiza anualmente, entre os meses de maio a agosto, dependendo do clima pode terminar em uns 3 meses. Uma equipe de 5 jardineiros efetuam este trabalho que leva entre 30 a 45 minutos por pinheiro, mas os mais altos pode levar umas 2 horas ou mais; 2 homens podam a parte de baixo das árvores e os outros 3 a parte de cima. A manutencao e limpeza das avenidas de ciprestes tem sido uma constante preocupacao da administracao deste campo.








E o mais atrativo são as histórias relacionadas com os mausoléus que embelezam o cemitério: mitos, lendas, verdades.
Por exemplo, a minha história favorita está relacionada com um masoléu que está a direita da praça central. É uma história de amor: um italiano chamado Giovani chegou a Punta Arenas em 1900 e abriu um salão de barbeiro na rua central, na Calle Boris. Pouco tempo depois ele conheceu Juana, uma jovem de Veneza, e se apaixonaram a primeira vista e não se demoraram em casar. O salão prosperou rápidamente e ele investiu em um negócio de café que os enriqueceu. Tiveram um filho e dizem que a felicidade deste casal era invejável, mas como diz o velho refrão: "felicidade dura pouco", Juana morreu muito jovem. Giovani para consolar a pérdida de sua amada mandou construir um mausoléu, e ali gravou as palavras: "Descansa em paz, Juana", e mandou embalsamar seu corpo. Dizem que semanalmente ele visitava o mausoléu para maquilhar e pentear o cabelo da esposa, mantendo desta maneira seu eterno amor.
Depois da morte de Giovani o mausóleu ficou abandonado e em 1960 foi vendido e as palavras que Giovani  gravou no muro foram apagadas.


 Como todo cemitério este também tem uma mostra de religiosidade popular. Ali foi enterrado um índio que havia sido assassinado mas como ninguém reclamou seu corpo foi enterrado como "o índiozinho desconhecido". Algum tempo depois começou a aparecer velas acesas, mensagens de agradecimentos por milagres concedidos e também moedas sobre a tumba do índio. A crença de que o ele concedia milagres se espalhou rápidamente, assim que as moedas, em uma quantidade considerável começou a ser recolhida regularmente e doada a Cruz Vermelha de Punta Arenas. Mais tarde se construiu um lugar de veneracao e também se colocou um cofre para facilitar o recolhimento das moedas.                                            

Há também interessantes histórias de pioneiros que descansam ali:

A tumba mais antiga é a de Margarita Vives Siel, dizem que ela foi assassinada em 1894.
O primeiro mausoléu construído no cemitério pertence a Sociedade Espanhola.
De 1894 data a primeira sepultura de concreto do cemitério, de Osvaldo Wehrharan.
E uma curiosa sepultura em forma de piramide egípcia, de James e Donald Miller.



Um destacado pioneiro foi o dr. Thomas Fenton, natural de Irlanda, chegou a Punta Arenas em 1875 como médico da colonia. Em 1877, suas habilidades de médico foram provadas quando teve que atender as vitimas do motim dos artilheiros, algumas gravemente feridas, como a sra. Maria Behety de Menendez que teve a perna amputada. O dr. Fenton também recebeu um sitio para iniciar a gadaria ovina, no qual ele administrou um próspero rancho. No seu tumulo se levantou um monumento que simboliza a gratitude do povo de Punta Arenas pelos serviços que o dr. Thomas Fenton prestou a colonia.






Também é muito interessante conhecer alguns monumentos que se encontra através das avenidas do cemitério, como por exemplo, o monumento em homenagem ao Conde Maximilian Von Spee pela sua valentia no combate naval nas Ilhas Malvinas, na 1a Guerra Mundial. Relacionado a este monumento se relata a interessante história do navio de guerra alemão Desdren que, perseguido pelo esquadrão de guerra britânico, conseguiu escapar na batalha mencionada, eventualmente foi afundado nas costas da Ilha Juan Fernandez.











subpacific.cl/Dresden.html

Outro monumento importante é em memória daqueles que faleceram na explosão do HMS Doterel, lançado ao mar em 1880. No dia 26 de abril de 1881, estando ancorado no Estreito de Magalhães, em Punta Arenas, sofreu uma explosão e afundou instantaneamente. Dos seus 155 tripulantes só 12 sobreviveram, um terrível acidente que enlutou a pequena colonia de Punta Arenas.



Você celebraria o ano novo no cemitério?


O Cemitério Municipal Sara Braun é um dos cemitérios do Chile que no dia 31 de dezembro reabrem suas portas as 11 da noite e permanecem abertas até a 1 da madrugada para aqueles que querem celebrar a passagem do ano novo, respeitosamente, na sepultura de seus seres queridos. E, acredite, não são poucos os que o fazem.

Em setembro do ano passado, 2011, o secretário executivo do conselho de monumentos nacionais e o prefeito de Punta Arenas se reuniram com outras autoridades municipais para apresentar um projeto que declare o Cemitério Municipal Sara Braun monumento nacional histórico; sendo assim este campo terá uma protecao que permitirá inversões públicas para a manutencao e reparacão dos mausoléus e a conservacao do patrimônio arquitetonico e paisajistíco.










Beleza,  história, arquitetura, são alguns dos atrativos do Cemitério Municipal Sara Braun, visita obrigatória para muitos dos turistas que passam por Punta Arenas.  Recomendo.


Para agendar um recorrido turístico de 2 horas, contacta:


Regina Braga
fone: 957223458
e-mail: reginabjohnson@hotmail.com




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